Amados amigos, queridos alunos e distintos leitores,
Este ano de 2007 comemora a estréia de Manuel Bandeira na Literatura. No ano de 1917, o fracassado arquiteto, acometido de tuberculose, frustrado pela não concretização dos sonhos, iniciava sua caminhada para realizar seus sonhos por meio do próprio sonho, a verdadeira Pasárgada do poeta: a poesia. Bandeira dava à luz, assim, seu primeiro livro de poemas, "A Cinza das Horas". Falo de Bandeira sempre que posso e este é mais um momento propício ao prazer de falar do que significa para mim a poética bandeiriana.
Manuel Bandeira inaugura o meu paideuma. Curvo-me diante de muitos outros gênios, mas só rezo para uma trindade: Machado é o Pai, Drummond é o filho e Bandeira é o Espírito Santo! Eis aí a alma da poesia brasileira. Digo isso não por ser pernambucano... se fosse bairrismo, eu poderia escolher João Cabral, mas a questão é que Mané toca minh'alma de modo diferente... Bandeira foi meu primeiro alumbramento... E hoje tenho orgulho de ocupar cadeira numa Academia de Letras, Artes e Ciências cujo patrono é o menino que, ainda hoje, brinca na rua da União do meu ser, na encruzilhada da rua da minha mente com a rua da minha alma... no Recife que só eu e Bandeira sentimos... Rezo sempre para esta Bandeira de uma vida que podia ter sido e que Foi! Não Foi! Foi!Poeta libertino e dissoluto, teu verso vive! Bandeira da poesia! Mané vivo! Mané bom! Mané brasileiro como casa de avô!Encontraremo-nos um dia, em Pasárgada! Eu, chegando tímido ainda... Tu, ao lado do teu avô, de Rosa, Totônio Rodrigues, Aninha Viegas, da preta Tomásia, Jaime Ovalle, Teresa, Teodora, Irene, Santa Maria Egipcíaca, e, é claro, das três mulheres do sabonete Araxá! Ah, as três mulheres do sabonete Araxá! Dar-me-ás um sorriso com teu simpático teclado de piano e Debussy vai tocar as mais belas melodias já ouvidas desde a invenção da Lira e os anjos cantarão um poema teu. E eu vou chorar de alegria, Mané, por ser menino n'alma como tu! Recebe na eternidade, meu poetamigo, um abraço de quem te ama!
M a n é
Ao Mestre de Pasárgada
A Bandeira da poesiaé o menino brincandona rua da União...Mané...Bandeira do lirismo pungente...Mané quer a Estrela da ManhãVêSóO
Beco...Repleto de elipses mentais.A Bandeira brasileiraé Mané cantandoa língua errada do povoLíngua certa do povo...Teu verso libertino vive, Mané!Teu verso solto
Vive!É por isso que não sinto, agora, a tua falta.Teu ritmo dissolutome leva
me elevaàs esferas...A estrela da tardeé o menino Mané meninona rua da União...Equanto no bairro de São Josébradam num assomo:"Evoé Momo!"Carnaval!...Recife...
Bons Ares...Cavalhadas...
Tango!Volta a choverhojea chuva resignadado teu versolimpobailando sob as notas de Ovalle...É por isso que sinto a tua falta...Manéé a Bandeira da vidaque podia ter sidoE que foi! - Não foi! - Foi!Mané:Bandeira dos tísicos profissionais,de tuas horas resta mais que cinza.Por isso não sinto a tua falta!Mané,fazes da existência uma aventuraAventura inconseqüente de notícia no jornalInconseqüência de quem fez versoscomo quem vive..............................................................................................Não pensarei nunca que acabaste (não acabaste!).Tudo em ti é impregnado de eternidade...Mané...
Bandeira viva!Mané vivo, Mané bom, Mané brasileiro que nem casa de avô.Marcos de Andrade Filho19 de abril de 2000(Poema publicado pela primeira vez como epílogo da peça "Passos por Pasárgada", de Robson Teles, In: TELES, Robson. Uma casa de idéias. Recife: Bagaço, 2005)Espero de você mais que a leitura deste poema, mas a leitura do mundo chamado Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho!Abraços n'alma!Marcos de Andrade FilhoRecife, 26 de novembro de 2007
2 comentários:
PROF!
ÉS SIMPLESMENTE GENIAAAL!
LARISSA GUEDES
Cara...sou tua fã!
quero ser como vc quando eu crescer!
kkkkkk
belas palavras!
beijos!
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