segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

DE UM NORDESTINO PARA O RIO, EM JANEIRO

Rio,

Sinto por ti a mesma dor que senti pela Zona da Mata do meu Pernambuco e de Alagoas durante as chuvas de meados do ano passado aqui no Nordeste. Infelizmente, nossas forças para ajudar os irmãos de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis são menores do que as que tínhamos para ajudar os de Barreiros, que estavam aqui tão próximos a nós, mas, mesmo assim, não descansamos. O Nordeste está solidário e estamos nos desdobrando para enviar recursos que minimizem o sofrimento dos nossos queridos irmãos fluminenses, filhos legítimos ou que adotaste com amor em teu solo, ó Rio. Sei que não era preciso dizer, mas não há qualquer ressentimento quanto àqueles que, há poucos meses, disseram que preferiam ver os Nordestinos mortos; há, sim, perdão e vontade de fazer diferente, pois Deus nos fez para a vida em plenitude e não para a morte. Nós somos brasileiros e humanos, náo é memo, Rio? E, por isso, tudo o que é relativo ao Brasil e à humanidade nos diz respeito e recebe de nós todos atenção e amor. Tu és Brasil e és humano, Rio! Recebe, pois, nossa atenção e nosso amor! Um amor muitas vezes ressequido, faminto, retirante, agreste, mas amor: ensolarado e vivo como tem de ser o amor! Não cremos, Rio amado, nos excessos da imprensa, não esperamos por uma política de má vontade, que não te ama, que não nos ama; cremos, sim, num Deus que, no princípio, pairava sobre a face das águas e para Quem nada é impossível, cremos que que Ele consola os que choram a dor das perdas irreparáveis e transforma o coração dos homens públicos e anônimos para que juntos façamos a vontade dEle, que é ver Seus filhos felizes. Esse Deus estava conosco na seca de 1915, nas cheias de 2010 e estará para sempre contigo, ó Rio, em todos os janeiros chuvosos! Ele nunca nos abandonará. Deus não está te castigando, ó Rio, está apenas derramando Suas águas sobre ti para lavar-te, renovar-te e deixar-te mais forte. É esta fé que nos põe solidários, fraternos, esperançosos e não menos indignados contra tudo o que coopera para que o sonho lindo desse Deus maravilhoso não ocorra. Em nome do estado de Pernambuco e do Deus de nossos pais, repudio a imprensa vendedora de tragédias e a política desumana da falta de vontade e rogo para que tu, Rio, sejas lavado por ondas de solidariedade, humanismo e fé. Que o Rio, neste janeiro, faça jus ao seu nome e renasça das águas, como num novo batismo. Viva ao Rio, em Janeiro e sempre!

Pernambucanamente,
 
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Marcos de Andrade Filho
Cónsul de Poetas del Mundo en Ciudad de Recife - PE
Academia de Letras do Brasil - Brasília/DF
União Brasileira de Escritores - Secção Pernambuco

Na sua opinião, o maior poeta (homem) que o Brasil já teve é:

Um não-lugar? Um entre-lugar... Um lugar!: a poesia!!!

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Leituras do Mês

  • "Além do bem e do mal", de Friedrich Nietzsche
  • "As moscas", de Jean-Paul Sartre
  • "Estrela da Vida Inteira", de Manuel Bandeira
  • "Eu", de Augusto dos Anjos
  • "Memorial de Aires", de Machado de Assis
  • "O Fazendeiro do ar", de Carlos Drummond de Andrade
  • "Primeiras Estórias", de Guimarães Rosa

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